domingo, 19 de dezembro de 2010

Diários Soberbos - Apenas um olhar



- Oi – e lá estava eu no outro lado da rua, e antes que pudesse virar para sentir-me retribuída por seu olhar, os carros passaram por entre nossos corpos, e desapareceu.

Respirei fundo. Ele não me viu, apenas isso.

A vida era cruel, eu estava sendo cruel comigo, e só eu não conseguia enxergar, que aquilo, não era pra mim.

- Ei você? Achou que não ia responder seu Oi envergonhado? – E eu ainda não acreditava, ele estava atrás de mim.

- Você simplesmente desapareceu, como você...Parou aqui? Posso saber? – Perguntei ainda envergonhada.

- Eu voltei. Apenas pra dizer Oi. – e sorriu.

- Muito grata por não me deixar... – Não encontrava a palavra no meu dicionário inglês/português.

- Vacúo? Você é engraçada? Parece não saber muito bem as palavras, é bem direta?

- È que realmente não sei bem as palavras eu não sou daqui.

- O quê? È brasileira? Vem cá...Você é filha da dona do Coffe BR?

- È sim, talvez, sou.

- Que engraçado, e eu que pensei que você era apenas uma garçonete, agora realmente entendo sua gentileza.

Eu também pensei que pensaria a mesma coisa. Ele era a coisa mais linda daquela rua, entre tantas pessoas, ele parecia a mais linda, a mais simpática, a mais parecida comigo.

- Me desculpe sobre aquele dia, em especial, eu odeio aquele emprego.

- Entendo, desculpas aceitas, para onde está indo?

- Fazer compras. E você? – fiquei parada com minhas pernas tremendo e meu estomago gritando de fome, misturado com a emoção de tê-lo ali na minha frente.

- Fazer compras – e deu uma piscadela chegando um pouco mais perto – Como é o seu nome?

- Cristina – e sorrimos juntos.

- Fazer compras com a Cristina – e completou – Meu nome é Harry, pode me chamar de Justin Timberlake também, me acham muito parecido com ele.

Eu não estava entendendo absolutamente nada. A namorada ele estaria por perto? Eu estava entrando em colapso nervoso de tanto amor por essa criatura, que por sinal, fazia Justin Timberlake rastejar em seus pés.

- Que ironia, a Cristina é sua namorada? Aquela do café.

- Você é meio tonta não é? Vamos andando, ainda quero tomar café.

Fomos andando por entre a Time Square toda, ele entrava em todas as lojas comigo, eu estava atrás apenas de uma coisa, aquela que eu mais queria quando chegasse aqui. I Heart New York.

- Você está achando o que? – perguntou Harry quando estávamos sentados em um quiosque na calçada, bebendo um pouco de água.

- Você está esperando a Cristina? – perguntei.

- Que Cristina? Eu pensei que eu estava com você, como é seu nome afinal?

- Cristina. – eu estava mais confusa do que nunca, o chão petrificado, parecia apertar meus pés para que ficasse, e o céu já estava escurecendo, misturando-se com o cheiro dos perfumes das pessoas voltando para casa, eu havia passado parte do meu dia com ele, e eu ainda não havia entendido.

- Então. Eu passei o dia todo com você, não gostou?

- Não, quer dizer, eu amei, mas eu pensei que você estivesse falando de outra pessoa.

- Mas quem poderia ser Cris? Eu estou aqui, não estou?


Dei um gole maior no meu copo de água, eu não estava acreditando, seu principal interesse por estar aqui, era eu, eu, Cristina.

- Eu preciso ir. Você se incomoda?

- Não, quer dizer, sim. Posso deixar você em casa? - e levantou-se.

- Sim, claro.

E entre todos os olhares desatentos, buscando um pouco de atenção, eu havia achado alguém por mim, e que de ínicio, me parecia a pessoa mais errada para me dar essa devida atenção.

- Segura a minha mão Cristina, não quero perder você.


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